Simultaneamente com as escavações de ABICADA, resolveu o Dr. Formosinho iniciar, com maior profundidade, pesquisas arqueológicas no Concelho de Monchique, prolongando as habituais estadias, para tratamento e alívio das suas queixas de reumatismo nas Caldas de Monchique e onde tinha, nos diversos trabalhadores do campo, bons amigos informadores do que se passava na região.
Disto nos dão relato o Dr. Formosinho e o seu companheiro e grande Amigo Prof. Abel Viana, então também Director do Museu de Beja, na Revista ETHNOS, revista do Instituto Português de Arqueologia e Etnografia, (subsidiada pelo Instituto para a Alta Cultura), em 1942:
Estas pesquisas efectuaram-se, porém, no ano de 1937, em MAIO, JUNHO e JULHO e portanto em plena euforia dos trabalhos da descoberta que o Dr. Formosinho fizera na ABICADA.
Recorde-se que foi neste mesmo ano, de 1937, de 26 a 29 de DEZEMBRO, que foram efectuados os trabalhos de limpeza e extracção de mosaicos na ABICADA como se pode ver neste mesmo blogue, em “ABICADA – a sucessão das descobertas” :
“No dia 26 - limpeza do local e preparativo para a extracção do mosaico que se iniciou em 27 pelo compartimento A. Estava já bastante deteriorado, conseguindo-se apurar dois cantos um a Nascente (M) e outro a Poente (Ab), ambos com muitas falhas. Em (A a) formaram-se 8 blocos e em (Ab) 7 blocos, estes muito deteriorados e talvez seja difícil o seu aproveitamento em conjunto, O mosaico do compartimento B deixou-se no local por não ter grande interesse e para a hipótese de organização ali de uma estação de estudo. Do compartimento C extraiu-se apenas uma parte por se repetir o motivo e não valer a pena retirar mais; formaram-se 10 blocos pequenos para facilitar a extracção”.
Era portanto necessário andar de um lado para o outro, tudo isto sem automóvel, deslocando-se de transportes públicos, ou de carreta de bois, ou de burro . . .
Na figura seguinte está indicado o esquema que fixa a zona da Serra de Monchique a que respeita esta jornada exploratória de algumas sepulturas pré-históricas, Se algumas das sepulturas estavam devassadas, outras porém originaram frutuosa exploração como a seguir se vai ver.
Estácio da Veiga nas suas “Antiguidades Monumentais do Algarve” (“Carta arqueológica” – Vol.I, pagª 99 e II, pagª 326) indica somente quatro pontos, Marmelete, Fóia, Monchique e Picota, como contendo monumentos ou em que alcançou materiais: Fóia – antas ou dolmens que provavelmente existiram sobre o solo, instrumentos neolíticos isolados e da idade do bronze; Marmelete - instrumentos neolíticos isolados; Cruz da Picota – sepultura com incineração da idade do bronze.
II-AS SEPULTURAS E OS DIVERSOS ACHADOS :
Rencôvo – Sítio a cerca de dois quilómetros a Norte das Caldas de Monchique :
Mirante da Mata – Sítio a algumas centenas de metros para Nascente das Caldas de Monchique :
Buço Preto – Mais para Nascente das Caldas de Monchique, adiante do Mirante da Mata acha-se um morro de vasta lomba que pertence ao sítio denominado Esgaravatadoiro que se estende nas faldas da Picota, desde a “Belle France”, a Poente até cerca de cinco quilómetros para Nascente. Uma das pequenas elevações de terreno xisto-argiloso é o denominado Buço Preto no cimo do qual se encontram dois túmulos :
Vagarosa – A algumas centenas de metros para Sul do Mirante da Mata há um sítio denominado Vagarosa. Não foi encontrado qualquer achado relativo às sepulturas que, aliás, tinham sido violadas pelo dono do terreno.
Casinha da Moura – existente no sítio da Ladeira Formosa (propriedade chamada Vale do Ruivo), a Sul das Caldas de Monchique. É uma cista desde há muito violada,
IV – AS SEPULTURAS DE BUÇO PRETO :
As duas sepulturas encontradas no Buço Preto (Caldas de Monchique) são de grande interesse para o estudo da Época Neolitica por serem inteiramente diferentes do sistema de enterramento até agora verificado, como pertencente àquela época :
Aqui fica o registo de alguns dos primeiros trabalhos do Dr. Formosinho em Monchique e do consequente aumento do espólio arqueológico do Museu Regional de Lagos.
Mais tarde a estes dois Amigos, juntar-se-á o Engenheiro Veiga Ferreira, a quem, colocado nas Caldas de Monchique em Serviço Profissional dos Serviços Geológicos e de Minas, o Dr. Formosinho conseguiu meter o “vício por estas coisas” da arqueologia.
Continuaremos, se Deus o permitir, a mostrar os novos estudos arqueológicos que estes três SENHORES produziram em Monchique !
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