quarta-feira, 16 de junho de 2010

3 – A CONSTRUÇÃO, PASSO A PASSO, DE UM MUSEU EM LAGOS

III – A NECESSÁRIA AMPLIAÇÃO DO EDIFÍCIO

Estamos, em 1936, a rebentar pelas costuras, como sói dizer-se !

Continua a recolha dos objectos vindos da Abicada !

Começam trabalhos idênticos nas Caldas de Monchique !

E a Boca do Rio . . . é uma “velha fonte” inesgotável !

Enfim . . . é impossível expor qualquer coisa mais, no edifício do Museu !

De um célebre relatório do Dr. José Formosinho, datado de 19 de Dezembro de 1945, dirigido ao Presidente e Vereadores da C.M. de Lagos e onde historia um pouco as actividades inerentes ao desenvolvimento do Museu, pode inferir-se que :

  • o Museu criado em 23 de Agosto de 1930 não tinha onde instalar-se;
  • julgavam, no entanto, que poderia ficar alojado em muito boas condições nas dependências da Igreja de Santo António;
  • nesta existia apenas, de um lado, a sacristia, exíguo espaço onde nada mais se podia pôr além dos objectos de ARTE SACRA (até porque a Igreja continuava ao culto) e do outro, em anexo, uma velha casa onde a música do Regimento ensaiava (casa escura, pequena e absolutamente imprópria);
  • era impossível organizar ou iniciar um Museu sem ter onde o instalar;
  • a secção de Arte Sacra ficou organizada logo em 1931;

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  • por essa data, um tufão derrubou uma parte do telhado do tal anexo da igreja, o que foi sabiamente aproveitado pelo Dr. Formosinho, ainda que com muita energia e coragem;
  • após profícuo trabalho de dois anos e com muito boa vontade da Direcção-Geral dos Monumentos Nacionais foram efectuadas obras que permitiram dar princípio às instalações da secção de ARQUEOLOGIA, NUMISMÁTICA e de um pequeno esboço de ETNOGRAFIA, para as quais serviram de núcleo inicial as próprias colecções do Dr. Formosinho;
  • em 1934 existiam as duas salas com que fora iniciado o Museu: a sacristia (ARTE SACRA) e o anexo (ARQUEOLOGIA, NUMISMÁTICA e ETNOGRAFIA);
  • dois anos depois tudo estava cheio, pelo que se tornava imperioso um alargamento;
  • a Direcção-Geral dos Monumentos Nacionais, atendendo aos insistentes rogos do Dr. Formosinho, manda estudar o projecto de novas obras, aquisição de casas, etc.;

Contíguas ao edifício do Museu, existem umas casinhas, onde mora gente !

E só para aí o Museu se pode estender . . . !

Mas os donos, um cabo da Guarda Nacional Republicana, um general e um coronel, facilitam e vendem. Para que conste, eis os seus nomes: FRANCISCO VELHINNHO; MANUEL BUTE; JOAQUIM CORREIA.

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(As duas janelas grandes pertencem à Sacristia da Igreja de Santo António; depois as casas em questão)

  • esta 1ª expansão, é executada até 1939;

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Em 1935 Em 1939

  • imediatamente reconhecido como insuficiente, novas aquisições, novos projectos e novas realizações foram desde logo assumidas;
  • entre 1939 e 1945 a GRANDE GUERRA abalou e destruiu fortemente a EUROPA;
  • entre 1939 e 1945 o MUSEU REGIONAL DE LAGOS continuou a expandir-se em PAZ !
  • em 1945, o Museu fica com oito salas que vão permitir uma conveniente distribuição e arrumação às diversas secções e para as quais vão ser propostos nomes de pessoas insignes como Leite de Vasconcelos, Estácio da Veiga, Júlio Dantas, etc.

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  • 1945 ! O Dr. Formosinho entende que as instalações ainda são insuficientes mas que “não podemos por agora exigir mais. Deixemos descansar um pouco as Entidades que temos importunado nestes 14 anos”.
  • o contínuo FRANCISCO DUARTE foi nomeado em sessão da Câmara de 25 de Outubro de 1934, sem qualquer encargo para a Câmara, tendo sido pago o seu ordenado pelo Grupo de Amigos do Museu (QUE É COMO QUEM DIZ, PELO DR. JOSÉ FORMOSINHO, digo eu) cujo rendimento actual está longe de poder pagar a mensalidade do contínuo;
  • NADA COBRA O MUSEU DE ENTRADAS e talvez fosse conveniente, para ajudar nas indispensáveis despesas, passar a cobrar 1$00 por pessoa, excepto aos domingos e com as isenções necessárias . . . ;
  • enaltece e agradece à Junta de Província do Algarve o subsídio concedido ao Museu para instalação da Etnografia do Algarve, assim como a promessa de subsídio, para o mesmo fim, no ano seguinte.

Em 1948, vai começar o segundo grande surto de desenvolvimento do Museu.

São assim iniciadas novas obras de ampliação com a aquisição de mais duas casas vizinhas,

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e a criação de mais quatro salas, um salão para exposição de Artes Plásticas e um pátio interior ajardinado, onde ficará instalado o Pelourinho.

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O resultado final em 1954

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As janelas manuelinas do antigo Palácio dos Governadores (uma adaptada a porta ),

lápides diversas e o Pelourinho

Esquematizam-se de seguida as diferentes obras de expansão do Museu Regional de Lagos, desde 1931 até 1954,

com as quais o Dr. Formosinho

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legou à sua querida Cidade de Lagos:

  • A Igreja de Santo António recuperada;
  • 14 salas onde ficaram expostos

ARTE SACRA; ARQUEOLOGIA; ETNOGRAFIA LOCAL; ETNOGRAFIA REGIONAL; ETNOGRAFIA COLONIAL; NUMISMÁTICA;

HISTÓRIA DE LAGOS; ARMARIA; SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS; BIBLIOTECA; MESTRE CABANAS; PINTURA E DESENHO;

DIRECÇÃO E CURIOSIDADES;

  • O Átrio de entrada (Lapidária);
  • O Pátio interior ajardinado (janelas manuelinas, Pelourinho, etc.);
  • 8 arrecadações no rés-do-chão do edifício.

Veremos agora, como ele nos deixou todas estas divisões bem apetrechadas para elevação do nível cultural das gentes da sua querida cidade natal, a começar pela ETNOGRAFIA DE LAGOS.

Até lá, se Deus quiser !

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