segunda-feira, 7 de setembro de 2009

ABICADA


ABICADA

PELO DR. JOSÉ FORMOSINHO

INTERESSANTE ESTAÇÃO ARQUEOLÓGICA DA ÉPOCA ROMANA

Duas ribeiras oriundas da montanhosa região monchiqueira, descem simultâneas a desaguar na Ria de Alvôr.
São elas a Ribeira do Farelo e a Ribeira da Senhora do Verde, ambas já conhecidas dos arqueólogos, pois entre as suas águas descobriram e exploraram Estácio da Veiga e P.e Nunes da Glória, uma das mais típicas estações das épocas neolítica e calcolítica que existe em toda a Peninsular Alcalár.
Precisamente na confluência dessas duas ribeiras a pouco mais de um quilómetro da Mexilhoeira Grande e a dois de Alvôr, existe uma propriedade denominada Abicada, pertença da firma comercial de Portimão, Severo Ramos L.a, onde em Setembro deste ano, iniciei uma larga exploração que poz a descoberto extensa e curiosa construção romana.
Vou dar uma ligeira noticia da descoberta, pois julgo prematuro um estudo desenvolvido, visto não ser possível fazer por enquanto afirmações concretas, por estarmos apenas no início das escavações.
O que está posto a descoberto seria talvez a habitação de um rico patrício, a avaliar pela profusão de mosaicos de diversos desenhos e colorido, obra que mesmo naquele tempo não deveria ser barata e ao alcance do todos.
Essa construção é formada por um corpo central hexagonal, com os seis compartimentos revestidos de mosaico; para poente uma construção rectangular com nove compartimentos em volta de um central, tendo todos, à excepção de dois, chãos de mosaico.
A nascente julgo que se repita semelhante construção, visto que os muros já descobertos correspondem a alguns dos que existem a poente.
Tem este edifício de comprimento 54 metros não se achando ainda bem definida a sua largura, porque a sudoeste foi destruída pela lavoura e surgiram agora novos muros que ainda não foram explorados.
A sua idade? Impossível por enquanto pensar em afirmá-lo. Os objectos meudos até agora encontrados não são suficientes para definir a época. Das seis moedas de bronze, apenas duas se pode afirmar que são de Arcadius; as outras estão imperceptíveis.
O edifício está muito destruído; as paredes mais altas não excedem um metro e alguns dos mosaicos estão bastante deteriorados.
Tenho porém, grande esperança no futuro destas pesquisas, mas não me atrevo a aventar hipóteses, porque impossível é de prever o que surgirá.
O que está descoberto já merece uma visita, se bem que alguns dos mosaicos estejam tapados para que as intempéries os não possam prejudicar.
Às ruínas distam doze quilómetros de Lagos e nove de Portimão, com boa estrada para automóvel.
Aos donos do prédio Snrs. Severo Ramos e seus sócios cumpre-me apresentar o meu público testemunho de profunda gratidão pelas facilidades que me teem concedido.

- costa de oiro - 11.

clique nas imagens para ampliar